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revista

Não gosto de escrever sobre pontos de vistas ideológicos, 
não é tema que eu tenha abordado por aqui, ainda que aqui 
coubesse, sobretudo agora, por exemplo, caberia uma 
palavrinha sobre o comportamento destemperado – 
destemperado para a função que exerce – do Ministro 
Joaquim Barbosa. 

Relator do processo contra os espiroquetas ex-comunistas 
que praticaram uma política de poder por via do imoral 
descaminho da compra de votos de deputados corruptos, 
em que pese a burrice dos autores dessa ilicitude, no meu 
entender Joaquim Barbosa forçou a mão nas qualificações 
aos julgados, ao ponto de indiciá-los como criminosos 
“formadores de quadrilha”, quando tais pessoas só 
cometeram ilícitos morais.

E se não vá dizer que o estudioso jurista não sabe o que 
significa “quadrilha” sob o ponto de vista do Código Penal. 
Por isso que, o que salta do Relatório do Ministro Joaquim 
Barbosa é seu reacionarismo impulsivo e quiçá atávico 
(HOUAISS: “hereditariedade... de características psicológi-
cas, intelectuais, compartimentais...”), não contra a 
corrupção que sempre imperou no Brasil das classes 
conservadoras dominantes, que jamais desejaram repartir 
entre todos os brasileiros o bolo da riqueza nacional; nada 
disso, nas sublinhas do Relatório do Ministro Barbosa está 
sua inconformidade contra a política popular de distribui-
ção de renda implantada pelo quixotismo do nordestino 
“retirante” Luiz Inácio da Silva.

[A propósito, e mui significativamente, meus poucos 
leitores terão notado que nos debates do processo 
chamado Mensalão os acusadores SÓ falaram de “aprova-
ção de propostas do interesse do governo”, a escamotear 
destarte, e não por acaso, que tais propostas eram, ou 
poderiam ser do interesse público? Ou mais precisamente, 
do interesse público dos desafortunados. Ainda que, no 
meu modesto juízo, mesmo o interesse público dos 
desafortunados jamais justificaria espiroquetismos tais a 
compra de votos de parlamentares... corruptíveis.]   

Estou a exagerar? Ora, pois, ainda que se tenha a santa 
paciência (ou faça-se a penitência?) de reler o extenso 

Relatório do Ministro, de lá não se conhecerá TODOS os 
nomes dos deputados que receberam o “adjutório”; 
porque, ora diabo! se houve corruptores, e foram processa-
dos! terá que ter havido corruptos... que deve ser represen-
tado no tanto quantitativo da “maioria regimental” que 
votou os projetos de interesse do governo.  Quais foram 
esses?  

Nem se lerá também mínima referência (nem como 
exemplo) aos parlamentares que receberam fartas 
benesses quando JK quis porque quis transferir a Capital do 
Brasil para Brasília; nem também quando FHC “almejou” 
sua reeleição, e a conseguiu; nem quando o Fernando 
Collor, com o amém “altissonante” (via PC Farias) do 
Congresso confiscou a poupança popular; e confiscou SÓ a 
popular, porque hoje se sabe que dos capitalistas e 
empresários, na prática, nada foi confiscado... Houve o 
“jeitinho” brasileiro “como houve nações ágrafas”, como 
diria Antônio Houaiss.

Não é alvissareiro o que se evidencia do comportamento 
irritadiço do Ministro Joaquim Barbosa, ou seja, como 
escreveu o Colega Laercio Reis Souza : “JB (Joaquim 
Barbosa) vai se assemelhando, cada vez mais, ao alienista 
de Machado de Assis. Acha que o problema está em todo 
mundo quando, na verdade, ele é o problema.”.

Ou mais propriamente: o que pode decorrer de sua 
insistente e teimosa “pregação” subliminar contra um 
governo popular é a arbitrária implantação de um regime 
discricionário regido seja pelo Supremo (parece que é 
aspiração, inda que nunca confessada, praticada à socapa 
por alguns Ministros que se comportam como legisladores) 
ou a reedição do golpe militar. 

A democracia com toda a sua zoadeira e aparente 
bagunça é preferível ao dogmatismo da mulher vendada 
ou ao arbritarismo militar! 

Holbein Menezes é associado da AAPPREVI