“um organismo vivo e necessariamente compacto e 
unitário, uma verdadeira família ampliada. É o momento 
culminante e insuperável da eticidade, o que de mais 
completo e perfeito produziu o desenvolvimento da 
espiritualidade humana.” Afinal de contas, explica Ubaldo 
Nicola, para Hegel, tal qual também pensava Maquiavel, a 
Filosofia não se ocupa em prescrever “como o mundo deve 
ser, mas limita-se a explica-lo.”

Realmente, a realidade atual do Brasil e do Mundo inteiro 
não enseja que se discorde com total segurança do que 
ensinou Hegel. Até entendo que a efervescência social 
belicosa a que se assiste no cenário nacional e internacio-
nal é, em parte, estimulada pelas ideias hegelianas hauridas 
nas universidades. Vejo na televisão que a juventude 
universitária tem participado desses movimentos de rua em 
todas as regiões do planeta. Assisto a entrevistas com 
líderes desses movimentos, que são intelectuais formados 
até nas mais conceituadas universidades existentes e até 
líderes políticos de insigne atuação em entidades situadas 
no mais alto nível da estrutura política mundial. Desfilam 
ante a nossa vista chefes de Estado, pessoas da mais alta 
formação universitária, atuando nesse cenário, por vezes 
de forma estranha, e até por vezes marcadas por atitudes 
marginais, que só se adotam sob a obscuridade da chicana e 
da amoralidade. Não desconheço a provável interferência 
de personalidades marginais, com o simples interesse de se 
aproveitar para tirar proveito pessoal econômico de 
movimentos originalmente patrióticos e idealistas.

Nada obstante, leio em Stephen Law perspectiva que abre 
janela mais ampla para as lições ministradas por Hegel. Ele 
ensina que “o fim da história significa libertação humana... 
ausência de coações, pois... ignora as forças que determi-
nam as escolhas que fazemos e que escapam ao nosso 
controle.” Não estaria se reportando à famosa mão 
invisível de que fala Adam Smith? E continua explanando 
que, consoante Hegel, “a verdadeira liberdade só pode 
ocorrer depois que controlamos essas forças. Isso não pode 
acontecer enquanto a sociedade for tratada como uma 
coleção atomizada de indivíduos, cada um perseguindo 
seus próprios objetivos, mas somente quando a vontade do 
indivíduo for absorvida na vontade do coletivo e reconheci-
da pela razão como partilhada por todos. Então ela não será 
mais algo de que nos sintamos alienados, e reconhecere-
mos nosso dever social como sendo de nosso próprio 
interesse. Livres de conflito, numa comunidade racional, 
harmoniosa, nos tornaremos autolegisladores e, assim, 
enfim livres.”

Julgo que esse entendimento se aproxima da visão de Karl 
Marx que descrevia o fim da História na comunidade de 
plena igualdade e liberdade, depois do período atual de 
lutas de classe na sociedade capitalista, seguida da fase 
totalitária sob o domínio da ditadura do proletariado.

Percebo essa premunição hegeliana harmonizada com as 

doutrinas da Psicologia Social contemporânea, com os 
anseios dos movimentos sociais contemporâneos e com a 
realidade da sociedade de informação em que se transfor-
mou o Mundo atual.

O mundo de informações que hoje circunda todas as 
pessoas, e a cada dia se amplia, não mais admite profundas 
desigualdades sociais. A Psicologia nos informa que o 
Homem nasce apenas com um aparelho de captação de 
informações semelhante, que se aperfeiçoa ao passo que é 
posto a funcionar. E adiciona que a pessoa é o que é através 
das experiências que vivencia. A pessoa se constrói ao 
longo da vida. Adverte que maior é a diferença entre uma 
pessoa construída por refinadíssima educação e outra 
isolada desde o nascimento, do que entre esta e um primata 
outro antropoide. A Filosofia moderna ensina que “Eu sou 
eu e minhas circunstâncias” (Ortega y Gasset). “O reino da 
necessidade (centrado no princípio do desempenho e da 
eficiência, que suga toda a energia humana) será então 
substituído por uma sociedade não repressiva, que 
reconcilia natureza e civilização, na qual se afirma a 
felicidade do Eros libertado.”, profetizou Herbert Marcuse. 
Jean Paul Sartre opinava: “O homem inventa o homem.” E 
insistia: “eu sou obrigado a querer ao mesmo tempo minha 
liberdade e a liberdade dos outros, e não posso tomar minha 
liberdade como fim se não tomar igualmente como fim a 
liberdade dos outros.”

Eis porque entendo todas estas intensas perturbações 
sociais, existentes atualmente no Brasil e por toda a Terra, 
como indícios de que estamos ingressando nessa nova fase 
da História, a Era do Conhecimento, a da igualdade e da 
liberdade, para a qual converge a marcha da História, no 
que concordam, fato inacreditável se não houvesse 
ocorrido, os dois filósofos, Alexis de Tocqueville, o filósofo 
do Liberalismo, e Karl Marx, o filósofo do Socialismo, a 
Direita e a Esquerda política.

Neste umbral da Era do Conhecimento, fica-nos a impres-
são de que não apenas as nossas organizações sociais e de 
classe, mas até mesmo a organização estatal, deveriam 
avançar no sentido de maior participação direta da 
população. No caso particular do Estado Brasileiro, 
entendo que assistimos a movimentos populares que não 
só exigem dos três poderes do Governo respeito à Lei, 
igualdade perante a Lei, mas também efetivo funcionamen-
to da democracia semidireta consagrada na Constituição 
Brasileira.

Nós poderíamos iniciar esse movimento de ingresso na Era do 
Conhecimento, adotando em nossas associações de 
funcionários e aposentados do Banco do Brasil, essa 
administração direta, condizente com a nossa dignidade de 
cidadãos conscientes, responsáveis, dignos, iguais e livres.

Edgardo Amorim Rego é associado da AAPPREVI

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