O ano exatamente eu não sei. Soubesse teria ganhado 
várias vezes em loterias. Mas o cenário é claro. E preocu-
pante, pois vejo que os colegas ainda acreditam que serão 
bancários para sempre. 

E assistem aos absurdos que vem sendo praticados contra 
os aposentados, bancários que deixaram para eles um 
Banco rico, ainda humano, apesar dos pesares, e agem 
como se seu emprego e sua sobrevivência estivessem 
garantidos.

Este é o perigo. A mudança já é galopante. Os bancos, não 
só o do Brasil, migraram suas atividades, mantendo a 
financeira, mas englobando uma série de outras que 
podem ser resumidas a um só termo - vendedores.

Produtos financeiros, claro, mas junto tem de pacotes de 
viagem (BB Tour) a Plano de Saúde (Brasil Saúde). Seguros 
de um modo geral (Brasil Seguros) a Previdência privada 
(Brasil Prev). Consórcios, desde imóveis até bicicletas e 
televisões.

De bancário mesmo, pouco, muito pouco vai restar. Os 
Caixas Executivos, substituídos pelos Terminais de 
Autoatendimento, serão assim "sucateados" e baratea-
dos. 

Os Fiscais então, estes fadados ao extermínio. As lavouras 
serão monitoradas via satélite, se já não o são. Tratores já 
carregam GPS para sua monitoração. Os bens financiados 
serão acompanhados por rastreadores ocultos para sua 
rápida localização. 

Os fiscais de cadastro já não se prestam a quase nada, pois 
atualmente faz-se uma pesquisa na rede e uma análise de 
crédito. Isso também está com data marcada, já que estão 
ensinando ao computador distinguir o bom do mau cliente.

Seguros são contratados pela internet, sem a vistoria, em 
casos de bens recém- adquiridos. Os bens usados certa-
mente perderam valor de seguro. Ou serão muito caro, já 
que demandam vistorias e avaliações.

As avaliações serão feitas por comparação, na maioria das 

vezes, sem a presença dos avaliadores, fadados ao sumiço. 

Os bancos, que ainda teimam em abrir suas agências 
somente 6 horas por dia, embora nada justifique isso, pois 
os malotes deixaram de existir como condição para o 
funcionamento das agências (on-line), já tem expediente 
24 h sem hora extra nem aumento de quadro.

Os malotes já são quase peças de museu, restando ainda 
pouco uso para os mesmos, mas os "maloteiros" cami-
nham rápido em direção à extinção.

Da mesma forma com que sumiram os operadores de telex, 
já não se vê datilógrafos nas agências de banco. Nem em 
suas diretorias. As telefonistas ainda sobrevivem, mas na 
maioria, estão sendo trocadas pela gravação e atendimen-
to automático, com aquela voz de freio de trem irritante, 
mas eficiente e barata, segundo os administradores.

Assim como os telegrafistas, os guarda-chaves - manobra-
vam os trilhos de trens em paradas, os linotipistas, 
pianistas de cinema, os reveladores de filme fotográfico, 
ferreiros, foguistas de trem, almocreves - que alugavam 
animais de carga e guiavam as caravanas pelo interior, os 
bancários serão lembrados apenas em histórias.

Os diversos Sindicatos dos Bancários terão que se adaptar 
em Sindicatos de Vendedores em Bancos, com a sigla 
talvez SIVENDE, pois inexistindo bancários, o que será feito 
de seus direitos? Alguma semelhança com alguns sindica-
tos atuais será mera homofonia.

Diante disso, e talvez por isso mesmo, desejo aos que ainda 
se sentem bancários de verdade, daqueles do meu tempo, 
um 2014 cheio de esperança, pois ela nunca será derrotada 
pela ganância nem pela tecnologia. Aos bancários de hoje, 
espero que identifiquem as mudanças e as ameaças 
presentes nas inovações que os patrões adquirem a troco 
"maior conforto ao trabalhador" e eliminem os perigos de 
suas carreiras. Que 2014 e os adiante mostrem que eu 
estou totalmente errado em minhas previsões. Tomara que 
sim.

Solonel Drumond Jr. é membro do CONFI da AAPPREVI

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