Há três anos, escrevi, nesta página, um artigo, com o 
mesmo título acima. Nele, procurei enaltecer o privilégio 
de pertencer a uma geração de longevos, que podia 
visualizar uma infinita linha do tempo, em três momentos 
distintos, mas complementares e contíguos. Repito: esse 
novo velho é capaz de, vivenciando o presente, enxergar e 
remoer todo o tempo passado e, virando-se para o futuro, 
prospectar cenários vindouros, realistas ou fantasiosos. O 
que diferencia o novo velho do velho convencional – que 
subsiste no presente – é a sua integração com o tempo 
contemporâneo. É o seu viver aberto para o conhecimento 
e para a inovação, sem medos e sem preconceitos.

Mas, nem tudo são flores. Adotando-se a idade de 65 anos 
como o marco inicial da chamada “terceira idade”, é 
aceitável, pelo perfil demográfico de uma população bem 
cuidada (educação, saúde e segurança), estimar-se que 
cerca de 20% de seus componentes se insiram nas faixas 
de 65 para cima. Na Suécia, são 19,7%, enquanto, no 
Brasil, que melhora rapidamente, ainda são 6,7%. É aí que o 
bicho pega, pois é nesse universo de idoso(a)s, com 
crescente participação dos novos velhos, que estão 
florescendo novas demandas sociais, econômicas e 
existenciais.

Seria muita pretensão enumerar e analisar, à exaustão, o 
teor e diversidade dessas demandas. Entretanto, é possível 
sintetizá-las e aglutiná-las, sem maiores distorções, em 
duas grandes linhas de comportamentos: uma, de natureza 
material, secular; outra, de natureza espiritual, metafísica.

No primeiro caso, defrontando-se com as perspectivas que 
se abrem para a vida pós-65, o grande questionamento que 
emerge, principalmente para os iniciantes, é: o que fazer 
depois de conquistada a “aposentadoria”? Muitos 
continuam com algum tipo de atividade, porque adoram 
trabalhar, de graça ou por ganho extra. Outros querem 
fazer algo diferente. Há os que trabalham, para permane-
cer fisicamente ativos, enquanto alguns buscam manter-se 
mentalmente conectados. Uns precisam se sustentar, e a 
turma dos mais descomprometidos, simplesmente, se 
diverte, pois a vida é curta... Ainda nesse período de 
múltiplas opções de atividades, continuam a ocorrer os 
conflitos, as frustrações, os ganhos, as perdas, as indigna-

ções, as discriminações, e tantas outras alegrias e tristezas 
da condição humana.

Referidas a uma imprevisível e errática linha do envelheci-
mento, as maneiras de enxergar, sentir e avaliar essas 
alegrias e tristezas vão se modificando, para, sutilmente, 
darem maior importância á fase dos questionamentos 
metafísicos. Enquanto a primeira linha de comportamen-
tos esmaece e perde significado, com o passar dos anos, a 
segunda cresce e sugere buscas e indagações, sem achados 
e respostas convincentes. Mesmo assim, a fé, para muitos, 
confortados por religiões, constrói certezas inarredáveis, 
sobre o “depois eterno”. Vão para o Céu. O “agnosticismo” 
de outros, requer provas e evidências, sempre indisponíve-
is e insatisfatórias. Ficarão no Limbo. Uns poucos, dissimu-
lados ou declarados, vivem a evidência do “mistério 
cósmico”, na certeza de que tudo começou e terminará ali, 
sem a ilusão do sobrenatural. Não iremos para lugar algum. 
E, assim, caminha a humanidade...

Conforta-me saber que não estou só, nas minhas reflexões 
de novo velho. Em artigos, recentemente publicados, nesta 
página de “opinião”, dois companheiros da nova velhice, 
externam seus sentimentos, claros exemplos da etapa 
metafísica. Luiz Guimarães (em 25/2), balizado por uma 
biografia genérica, intitulada Inquietude Humana, 
anuncia, como etapa final, a percepção de “segredos e 
mistérios que nos esperam mais cedo ou mais tarde”. Paulo 
Gustavo de A. Cunha (em 13/3), com o artigo Religião 
inimiga da Ciência?, dividido entre a Física e a Metafísica e 
tangenciando o porquê da inimizade, procura pacificar as 
divergências e anuncia seu novo livro, versando os 
confrontos entre Ciência & Religião.

Até o próximo ano! Talvez, daqui pra lá, tudo se esclareça...

Texto publicado originalmente no Jornal Diário de Pernam-
buco. 

 José Aristophanes Pereira  é associado da AAPPREVI

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