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revista
Aliado ao descrédito nas gestões passadas, saltam aos
olhos os motivos que contribuem para a disparidade de
votos computados por ativos e aposentados nas eleições
para nossas Caixas.
Se de um lado persiste a afluência maciça do pessoal da
ativa nas votações, os aposentados e pensionistas cada vez
mais se afastam desse cenário com justificadas razões.
No caso dos ativos explica-se sua presença com a quase
obrigatoriedade imposta pelo BB via SISBB, aliada à
propaganda de peso subvencionada pelas grandes
associações - atuantes como situacionistas. Estas,
notoriamente, não têm limites de gastos para propaganda
com dinheiro extraído de suas milionárias arrecadações. E
ainda contam com a condescendente contribuição no uso
do acervo de endereços dos sócios. Já aí nota-se porque
chapas menores, ditas de oposição, concorrem em
reconhecida desvantagem. Acrescente-se a agravante de
que essa concorrência se avulta pela existência de
funcionários nas dependências do Banco atuando em
nome de sindicatos, da CUT, e de Entidades como a ANABB,
COOPERFORTE e outras afinadas com os interesses do
patrocinador.
Mas não é só isso que caracteriza a “abstinência eleitoral”
dos inativos. Há também explicações óbvias que a
justifiquem, tais como a insistente inscrição de figuras
carimbadas gerando desconfiança pelo acúmulo de cargos
exercidos simultaneamente, como contumazes integran-
tes de chapas passadas, que pouco ou nada fizeram que
levem alguém a repetir o voto nesses nomes.
Junte-se irrefutáveis constatações lembrando que quase
nenhuma chapa resiste ao exame de isenção partidária que
zere a repulsa existente, pois há sempre um ou outro
militante infiltrado nelas e, por vezes, dirigentes de
Associações defensoras do BB. Também, com raríssimas
exceções, encontra-se amiúde nomes comprometidos com
a busca de empregos onde usa-se a condenável prática de
enxertar nomes confiáveis para dar brilho a pessoas
interesseiras – desqualificadas, enfim.
Além do mais, é constrangedor constatar que os formado-
res de chapas ditas “independentes” tripudiam da capaci-
dade de discernimento dos eleitores visados, ao praticar
frouxos argumentos para impor nomes tirados do rol do
compadrio.
Para atingir objetivos eleitoreiros, se imiscuem nos
assuntos internos e soberanos das Associações exigindo
apoio aos seus desígnios. Esquecendo convenientemente
que os sócios são maiores de 60 anos, alfabetizados em
grau elevado e profundos conhecedores dos males que os
afligem - por conta do deficitário atendimento dispensado
pelas Caixas, em que se deplora o concurso do egoísmo dos
seus gestores (eleitos ou nomeados). Nesse sentido, bem
agem as Associações ao fazer ouvidos de mercador a essas
investidas, em respeito ao livre arbítrio dos integrantes do
quadro social de cada uma delas.
Nessa linha de raciocínio, sobram argumentos para
justificar a abstinência eleitoral dos aposentados e
pensionistas. Vale lembrar que, mais recentemente, o
encerramento da CPI dos Fundos trouxe à tona nomes de
peso envolvidos em falcatruas no âmbito da PREVI, que
atuaram contra os interesses dos participantes sem que os
eleitos desempenhassem seu papel fiscalizador.
Para fechar o círculo que leva à comentada fuga das urnas,
alie-se a tudo isto a constrangedora constatação de que o
nosso voto servirá para eleger alguém, talvez de duvidosa
competência, para ocupar cargos com escandalosos e
multiplicados ganhos (em muitas vezes superiores aos
nossos benefícios previdenciários), notadamente nesta
época de crise em que tudo nos falta.
Com esse entendimento, não indiquei chapas ou candida-
tos. E não admito que alguém use o meu nome com essa
finalidade como vem ocorrendo.
Mesmo assim, reconheço a existência de pessoas altamen-
te capazes registradas em algumas das chapas concorren-
tes, mas isso não é suficiente para modificar os conceitos
que aqui exprimo.
Dou ênfase ao fato de que deixei essas considerações para
o final do prazo da eleição, para evitar ser acusado de
defender interesses de quem quer que seja. E confesso que
tenho simpatia por certos nomes inscritos, mas, entendo
que a simpatia transita por uma via de mão dupla, e, sendo
assim, nesta campanha estacionei meu caminhãozinho à
margem da estrada esperando a poeira assentar. O que me
move é o intuito de alertar os “fabricantes de chapas” para
o repetitivo erro de avaliação, quando cuidam só e
exclusivamente dos seus interesses.
Por fim, lembrando que aposentados e pensionistas
merecem respeito, imploro que parem de nos usar como
massa de manobra, pois, enquanto persistir o poder de
fabricar chapas nas mãos de poucos, esse quadro não deve
se modificar.
E quando alguém se arvorar no direito de ser um fabricante
de chapas, não esqueça de ter à mão um gordo caderno
com nomes de consultores confiáveis e não comprometi-
dos (nem postulantes a cargos), cujas opiniões sejam
levadas na devida conta.
Marcos Cordeiro de Andrade é presidente da AAPPREVI