velho. A melhor delas é bem jocosa. É quando, no 
aniversário natalício, a pessoa gasta mais nas velas do 
que no bolo. Pense aí num cara completando 70 anos. 
Setenta velas. Aliás, foi justamente por este motivo 
que agora as velinhas são numeradas.
Falando-se em jocoso. Vocês já observaram em dois 
velhos conversando? A conversa de idosos, em 
consequência dos lapsos de memória, é sempre cheia 
de reticências. 
– Compadre, você se lembra daquele sujeito que 
morava naquela rua lá...
– Quem?
– Aquele que tinha um filho que era... Ele era... Era... Ele 
foi...
– Morava em qual casa, compadre?
– Naquela casa, que depois morou aquele cara que 
fazia... Aquele que trabalhava em... Trabalhava com...
– Seria um que a filha parece que foi embora pra... 
Como é mesmo a cidade pra onde ela foi?
– Ele morava defronte da Praça... Como é mesmo o 
nome daquela praça?
– Ah! Eu sei. Praça Doutor... Praça Senador... Praça 
Professor...
Aos poucos eu estou sendo apresentado aos “sinais de 
velhice” Há tempos eu uso óculos para corrigir uma 
miopia. Comecei a observar que, apesar dos óculos, eu 
não estava vendo a contento. Fui ao meu oculista e 
relatei o fato. Após o competente exame eu afirmou:
– Sua miopia regrediu!
– Que bom doutor! Foi milagre?
– Não! É catarata! 
Por fim, coroando a série de fatores que me faz ter a 
certeza absoluta de que eu sou um velho, aqui está a 
última. A nossa AABB (Associação Atlética Banco do 
Brasil), da qual eu sou associado desde 1961, está 
substituindo a sua carteira de ingresso nas suas 
dependências por um equipamento digital. Então, há 
pouco, eu estive ali para me habilitar a esta nova 
tecnologia. Mais uma surpresa. Não foi possível. Não 
funcionou comigo. Por quê? Pelo simples motivo de 
que eu não tenho mais impressões digitais. Eu não 
sabia que, com o passar dos anos, o ser humano perde 
as digitais. Ou seja, estou também perdendo os sinais 

de identidade. A funcionária da AABB, talvez querendo 
atenuar o inesperado (para mim, é claro), ainda disse:
– Isto é natural. O idoso volta a ser bebê!
– Eu sei moça. Qualquer dia eu também estarei de 
fraldas e todo cagado – respondi resignado.
Na realidade tudo que eu escrevi aqui não passa de 
uma grande brincadeira. Uma maneira divertida de 
gozar com os meus sinais de velhice. Todos nós 
sabemos que a idade avança para todos, menos para 
quem já morreu. O que importa mesmo é que chega-
mos a última etapa das nossas vidas com a certeza do 
dever cumprido. Tendo o prazer de ver nossos filhos e 
netos avançarem na vida e também vencerem. 
Orgulhosos de sabermos que o nosso exemplo de 
honradez e honestidade não foi em vão.
Citando a Bíblia, mais uma vez, consigno aqui o 
versículo que para mim encerra todo este momento 
que a nossa geração atravessa: 
“Até aqui nos ajudou o Senhor” (I Samuel 7:12).

 Francisco de Assis (Ciduca) Barros é aposentado do BB

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